O caminhão-cinema do Curta Vitória a Minas II exibirá nesta quinta-feira (06/07) na telona a aventura de três meninas que decidem despertar o antigo espírito guardião dos grandes dinossauros adormecido na raiz de uma gameleira. Com roteiro, direção e produção do biólogo e educador ambiental Luan Ériclis Damázio da Silva, o curta-metragem “O T-Rex e a Pedra Lascada” integra a coletânea de ficções e documentários feitos por moradores de cidades que se desenvolveram no entorno da Estrada de Ferro Vitória a Minas. A sessão gratuita ao ar livre será realizada às 19h30, na Avenida Presidente Vargas, na lateral da Prefeitura de João Neiva.
A atração principal da noite celebra a natureza e a ancestralidade. No filme, as rainhas do Condado da Lua aguçam a imaginação das crianças ao resgatar uma antiga lenda sobre o espírito dos grandes dinossauros. Para despertá-lo e ganhar poderes transcendentais bastava lapidar uma pedra que encaixasse perfeitamente no olho direito da divindade. As pequenas Ganga, Tule e Dara se juntam para realizar os desígnios da lenda. A ficção “O T-Rex e a Pedra Lascada” nasce das lembranças de infância do autor que costumava correr com os pés descalços sobre a terra, a areia do fundo do rio e a mata ciliar.
Luan cresceu solto no mato em um bairro aonde as famílias compartilhavam suas vidas em quintais sem muro envoltos por laços de afeto, colaboração e solidariedade. De personalidade expansiva, comunicativa e livre, o menino sempre se moveu como o rio que aprendeu a amar e a respeitar. A água, a mata, a magia, os encantados e a imaginação se misturam e se combinam nesta história de fortalecimento das memórias, dos saberes, das raízes, da ancestralidade e dos valores dos povos negros ao ritmo dos tambores de congo, das cantigas de roda e das cirandas, cirandinhas. A fantasia, o suspense e o mistério da ficção abraçam esse enredo que pretende tocar as pessoas para a necessidade de uma reconexão com a natureza.
Luan Ériclis Damázio da Silva nasceu em João Neiva, no Espírito Santo, no ano de 1995. Para sustentar a casa, a mãe Adriana Rocha Damázio prestava serviços de gari e o pai Josino Gomes da Silva descarregava caminhão e apanhava café na roça. Com 27 anos de idade, Luan é o primeiro da família de descendentes de reis e rainhas africanos – como costuma se apresentar para marcar a luta pela reparação histórica – a cursar o ensino médio, a conquistar uma graduação e uma pós-graduação. Formou-se em Ciências Biológicas, em 2018, pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e, em 2022, teve sua dissertação de mestrado aprovada pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
O circuito de exibição foi aberto em Aracruz (04/07), passou por Ibiraçu (05/07), chega agora em João Neiva (06/07), e depois seguirá para Colatina (07/07) e Baixo Guandu (08/07), no Espírito Santo. Na sequência, a caravana pegará a estrada em direção a Aimorés (09/07), Ipatinga (12/07), Naque (13/07), Coronel Fabriciano (14/07) e Nova Era (15/07), em Minas Gerais. O projeto é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, com a realização do Instituto Marlin Azul, Ministério da Cultura/Governo Federal e, em João Neiva, conta com o apoio local da Prefeitura Municipal de João Neiva.
Texto: Simony Leite Siqueira