Magia e emoção nas gravações de Naque (MG)

Cinema é emoção! Imagine voltar no tempo para resgatar episódios marcantes da existência, aqueles que te ajudaram a construir seu jeito de ser, personalidade e a forma como você encara a vida? O aposentado Ademir de Sena Moreira, de 64 anos, está vivenciando estes sentimentos ao produzir e dirigir o seu primeiro curta-metragem “O Tempo era 1972”. O cenário é a cidade do Naque (MG), formada no entorno da Estrada de Ferro Vitória a Minas, lugar aonde o diretor nasceu e cresceu ao lado dos pais e dos seis irmãos.

O mineiro é um dos dez autores que tiveram histórias selecionadas pelo Curta Vitória a Minas II pra transformar o sonho de fazer um filme em realidade. Ademir aproveitou os meses após as oficinas audiovisuais para sensibilizar e mobilizar familiares e amigos no planejamento e na organização das atividades da pré-produção do filme que resgata algumas das passagens mais bonitas e destemidas da trajetória de vida do aposentado.

O resultado é um set cheio de acolhimento, disposição, dedicação e trabalho compartilhado. Para interpretar a sua versão criança, o diretor escolheu o neto Miguel, filho da primogênita Kênia. Já o papel do irmão Ismar, mais conhecido como Tuca, foi assumido pelo neto Yuri, filho do Ademir Júnior, caçula do diretor. A irmã Eliete interpreta a mãe Naná, o sobrinho Hércules assumiu o papel do pai Nenêgo, a sobrinha-neta Valentina interpreta a irmã Eliete.

A esposa Mariza, que assim como a filha Kênia, incentivou o marido a enviar a história para o concurso, está acompanhando cada passo da produção e tem ajudado na preparação da atriz e dos atores de primeira viagem. “Está sendo muito bom, divertido. O pessoal está doido pra ver o dia que o filme vai passar no Naque. O pessoal já está curioso. Foi muito boa a gravação. Está dando muito trabalho e o pessoal está tendo muita paciência também. Graças a Deus!”, relata a esposa, casada com Ademir há 42 anos.

Haja coração

O nervosismo e a ansiedade dos meses de pré-produção deram lugar a uma combinação de sensações e emoções no set de filmagem. “Menina, que suadeira! A Mariana (assistente de produção) disse que quando chegar na metade do dia, vai ser mais tranquilo. E na hora que chegar no final da tarde, vai ter valido a pena. Graças a Deus! Está correndo tudo muito bem. Se Deus quiser, vai dar certo. Mas dá um frio na barriga. É um sobe e desce de friagem constante. Só a equipe mesmo pra dar força pra gente”, desabafou Ademir sobre o primeiro dia de filmagem.

Uma das curiosidades da gravação é a atuação do padeiro Joaquim, mais conhecido como Dodô, que interpreta o próprio papel, revivendo no cinema a época em que comercializava pão para os irmãos Ademir e Tuca. Todos os dias, os adolescentes vendiam pão com manteiga para os trabalhadores no canteiro das obras de construção da canaleta às margens férreas.

O adolescente Ademir encarava o desafio como um “pequeno negócio” em sociedade com o irmão para ajudar no sustento da casa, num período de escassez para a família. A chance de contar essa história no cinema aqueceu ainda mais o coração do diretor. “Foi muito emocionante, voltei no passado, porque eu vivi aquelas cenas quando pequeno e, agora, vi os meus netos vivendo o meu dia-a-dia daquela época”, relata o aposentado. E as emoções continuam. As gravações prosseguem nesta terça-feira (14/02) e quarta-feira (15/02).

Texto: Simony Leite Siqueira

Fotos: Gustavo Louzada

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